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Leite et al.
Introducción
As raças autóctones, também chamad as de crioulas,
naturalizadas ou localmente adaptadas de suínos,
existentes no Brasil, são procedentes das diversas raças
europeias, asiáticas e algumas inglesas e americanas,
trazidas pelos po rtugues es durante o período colonial.
A partir da mestiçagem, do cruzamento, da
consanguinidade e da seleção dessas raças, surgiram
as raças brasileiras de suínos que foram uma
importante fonte de alimentação para todo país até
início do século XX. Entretanto, a partir das mudanças
ocorridas na indústria, mercado e preferência do
consumidor, os suínos crioulos foram desvalorizados e
substituídos por raças exóticas mais produtiv as , com
menor quantidade de gordura na carcaç a. Desde
então, as raças brasileiras de suínos têm enfrentado
uma drástica redução em número e diversidade e
muitas estão sob am eaç a de extinção (Macêdo et al.,
2020). Segundo Mariante (2015), informações da base
de dados global de recursos genéticos animal para a
alimentação e agricultura da FAO mostra que 20 % das
raças que se tem informações são classificadas como
ameaçadas de extinção, e que em nível mundial tem-se
perdido uma raça ao mês. Portanto, há uma
preocupação mundial com a redução e perda da
biodiversidade ass o c iad a ao aumento da seleção entre
animais de produção (Zanella, 2020).
Nas diversas regiões do Brasil, os suínos crioulos
têm um importante papel socioeconômico para os
agricultores familiares de subsistência. Estes são,
geralmente, criados em sistemas extensivos, sem
nenhum controle zootécnico e é difícil encontrar nos
rebanhos raças locais sem mistura de raças exóticas
(Silva Filha et al., 2010; Leite, 2014; Burda et al., 2019;
Macêdo et al., 2020). Na região Sul, especificamente no
estado do Paran á, Leite (2014) verificou a presença de
suínos crioulos em comunidades tradicionais,
chamadas de Faxinal. Nessas comunidades os animais
são explorados sem acompanhamento técnico e
manejados em sistem a silvipastoril tradicional, onde
parte da alimentação dos animais é oriunda dos
recursos naturais, tais como, frutas silvestres, raízes,
bulbos, pastagens natural e cultivada, insetos,
minhocas, entre outros (Leite et al., 2009).
Apesar da importância sobre a conservação dos
recursos genéticos ainda são poucas as informações,
na literatura brasileira, sobre o efetivo do rebanho,
localização geográfica, caraterização fenotípica e
genética, e de desempenho produtivo dos suínos
crioulos. Para McManus et al. (2010), um dos primeiros
passos para caraterização destes recursos genéticos
inclui o conhecimento das variações nas características
morfológicas. Assim sendo, o objetivo do presente
trabalho foi realizar a c arac terizaç ão fenotípica das
populações de suínos crioulos, provenientes de
Faxinais, localizados na região Centro -S ul do estado
do Paraná.
A caracterização fenotípica foi realizada em suínos
crioulos presentes nos “Faxinais Emboque” (FE) e
“Marmeleiro de Baixo” (FMB), localizados na região
Centro-Sul do estado do Paraná, nos municípios de
São Mateus do Sul e Rebouças, respectivamente. O
município de São Mateus do Sul encontra-se a uma
Latitude: 25°59´09” S e Longitude: 50°11′ 50” W,
estando a uma altitude de 830 m, e o de Rebouças a
uma Latitude: 25°36´22” S e Longitude 50°41′ 37” W, a
uma altitude de 815 m. A temperatura média anual
desses munic ípio s situa-se em torno de 17 °C a 18 ºC e
o índice pluviométrico anual varia de 1 200 mm a 1
800 mm. Foram coletadas informações de uma
amostra formada por 55 suínos, sendo 43 fêmeas (F)
multíparas prenhas e lactantes e 12 machos (M)
reprodutores. Deste total, 28 (19F e 9M) e 27 (24F e 3M)
eram provenientes do FMB e do FE, respectivamente.
Os dado s foram obtidos por avaliação individual dos
animais de acordo com os princípios étic o s de
experimentação d a Comissão de Ética no Uso de
Animais Domésticos – CEUA, protocolado sob o nº
23/2014.
Em razão da inexistência de registros zootécnicos nos
rebanhos, houve necessidade de definir alguns
critérios, como a idade, preferencialmente acima dos
12 meses, informado pelos produtores, e de pelagem
com predominância em cada Faxinal.
Foram coletadas informações de oito (08) variáveis
morfológicas por animal, sendo elas: perfil cefálico,
tipo de orelhas, cor da pelagem, mucosa e dos cascos;
presença de cerdas e mamelas e número de tetas. Estas
variáveis foram comparadas com o referencial
morfológico das raças brasileiras de suínos descrita
por EMBRAPA/CENARGEN (1990).
Para a caracterização morfológic a quantitativa foram
mensuradas 16 variáveis zoométricas (em cm),
conforme Revidatti (2009) Silva Filha et al. (2010),
sendo elas: medidas c ranianas - comprimento da
cabeça (CC), focinho (CF), orelha (CO); largura da
cabeça (LC), focinho (LF), orelha (LO) e distância
interorbital (DIO) e medidas corporais – comprimento
da garupa (CG), corpo (C C O), garupa (LG); altura da
cernelha (AC) e garupa (AG); perímetro torácico (PT),
Materiales y Métodos
ISSN-L 1022-1301. Archivos Latinoamericanos de Producción Animal. 2021. 29 (3-4): 237-246