Archivos Latinoamericanos de Producción Animal. 2024. 32 (4)
Influência de coletores na produção e qualidade da própolis produzida
por abelhas Apis mellífera L. africanizadas
Recibido: 20240902, Revisado: 20241007. Aceptado: 20241028
1Autor correspondente: Email: ricardo.orsi@unesp.br
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Ruan Cristian Miranda de Lima
Influence of collectors on the production and quality of propolis produced by
Africanized Apis mellifera L. bees.
Abstract. Propolis is a beekeeping product whose production can be an important source of income for beekeepers,
with its success tied to various factors. The aim of this study was to evaluate the performance of different types of
collectors in the production and quality of propolis produced by Africanized Apis mellifera L. bees. Fifteen colonies of
this species were used, housed in standard Langstroth hives, managed for propolis production. The collectors used
were plastic mesh, smart propolis collector, and spacer, with five hives assigned to each collector. At the end of each
monthly collection, the propolis was quantified, stored in a freezer, and its hydroalcoholic extract was prepared (30 %
w/v in 70 % alcohol) for quality analysis (dry weight, total phenolics, solubility in lead acetate, solubility in sodium
hydroxide). The results were evaluated by ANOVA, followed by Tukey's test to check for differences between the
means (p < 0.05). A higher propolis production was observed with the use of the smart propolis collector, showing a
significant difference compared to the other collectors evaluated. No statistically significant differences were observed
between the production with the plastic mesh and spacer collectors. All propolis analyses comply with the relevant
normative instructions as well as with current Brazilian legislation. It is concluded that the use of the smart propolis
collector for commercial production is the most efficient.
Keywords: Beekeeping; collectors, propolis, productivity
https://doi.org/10.53588/alpa.320402
Departamento de Produção Animal e Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu. Brasil
Resumo. A própolis é um produto apícola cuja produção pode ser uma importante fonte de renda para apicultores,
estando seu sucesso atrelado a um conjunto de fatores. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de
diferentes tipos de coletores na produção e qualidade da própolis produzida por abelhas Apis mellifera L.
africanizadas. Foram utilizadas 15 colônias desta espécie, alojadas em colmeias padrão Langstroth, manejadas para
a produção de própolis. Os coletores utilizados foram tela plástica, coletor de própolis inteligente (CPI) e calço,
sendo cinco colmeias para cada coletor. Ao final de cada coleta mensal, a própolis foi quantificada e armazenada em
freezer e seu extrato hidro alcoólico preparado (30 % m/v em álcool 70 %) para análise de qualidade (peso seco,
fenólicos totais, solubilidade ao acetato de chumbo, solubilidade ao hidróxido de sódio). Os resultados foram
avaliados por ANOVA, seguido do teste de Tukey para verificar diferenças entre as médias (p < 0,05). Verificouse
maior produção de própolis com o uso do CPI, havendo divergência significativa dos demais coletores avaliados.
Não foram observadas diferenças estatisticamente relevantes entre a produção pelo coletor tela plástica e calço. Todas
as análises da própolis estão de acordo com a instrução normativa referente, bem como com a legislação brasileira
vigente. Concluise que a utilização do coletor de própolis inteligente para produção comercial é a mais eficiente.
Palavraschave: apicultura; coletores; própolis; produtividade
Iloran do Rosário Corrêa
Yan Souza Lima Guilherme Duarte Figueiredo de Souza Ricardo De Oliveira Orsi1
172 De Lima et al.
A própolis é uma substância resinosa altamente
complexa coletada por diversas subespécies de abelhas
dos brotos ou secreções frescas das plantas, misturada
com cera de abelha e outros componentes e utilizada
para diferentes fins na colmeia. É produzida a partir de
mais de 300 compostos químicos primários, (Ribeiro et
al., 2023) e sua composição específica varia de acordo
com um conjunto de fatores. Dentre eles, a origem
botânica, geografia da área de produção e época da
colheita podem ser destacados.
As abelhas utilizam a própolis para pavimentação
das superfícies das colmeias, preenchimento das
fissuras e aberturas, polimento das células do favo de
mel, estreitamento e alargamento da entrada da colmeia,
revestimento e isolamento de possíveis agentes
promotores de doenças (Saelao et al., 2020). Além disso, a
própolis tem função antibiótica e antifúngica sendo parte
do sistema imune das colônias (Hossain et al., 2022).
Para os seres humanos, a própolis pode ser utilizada no
combate a diversas patologias, sendo histórica e
extensamente utilizada como antibacteriana, antiviral,
antitumoral, antifúngica, antioxidante e imunomoduladora,
apresentando ainda muitas outras atividades biológicas
associadas à uma melhora na qualidade de vida em termos
gerais (Hossain et al., 2022, Sajjad et al., 2023).
Do ponto de vista econômico, essa crescente
demanda, sobretudo no contexto supramencionado, é
significativa com um aumento na demanda global por
própolis de ordem entre 40 e 50 %. Para o caso
brasileiro, estimase que entre o ano de 2019 e 2020,
tenha sido constatado um aumento de até 94 % nas
exportações de própolis, tendo como principal destino
comercial, países asiáticos (Beretta et al., 2017, Ribeiro et
al., 2023). Além disso, a apicultura, e a produção da própolis
mais especificamente, podem ser aliados importantes para a
geração de renda complementar de maneira sustentável,
sobretudo para pequenos agricultores enquanto estratégia de
diversificação da produção (Schouten, 2020).
Embora a composição da própolis varie de acordo
com a flora vegetal, período de coleta, tipo de colmeia,
desempenho do apicultor e condição da colmeia, ela
geralmente inclui aproximadamente 4050 % de
bálsamo, 2030 % de cera, 510 % de óleos essenciais, 1
5 % de pólen e 5 % de vários compostos orgânicos
(Pietta et al.,2002; Bankova et al.,1998; Kiziltas, Erkan,
2021). A grande maioria do conteúdo balsâmico que
inclui os ingredientes ativos da própolis consiste em
vários polifenóis (ácidos fenólicos, flavonoides, taninos
e seus ésteres), terpenos, voláteis, compostos orgânicos
e álcoois diversos (Hossain et al., 2022).
Introdução
Influencia de los recolectores en la producción y calidad del propóleo
producido por las abejas africanizadas Apis mellifero L.
Resumen. El propóleo es un producto apícola cuya producción puede ser una fuente importante de ingresos para
los apicultores, y su éxito está vinculado a un conjunto de factores. El objetivo de este trabajo fue evaluar el
desempeño de diferentes tipos de recolectores en la producción y calidad del propóleo producido por abejas Apis
mellifera L. africanizadas. Se utilizaron 15 colonias de esta especie, alojadas en colmenas estándar Langstroth,
manejadas para la producción de propóleo. Los recolectores utilizados fueron malla plástica, recolector de propóleo
inteligente y calza, siendo cinco colmenas para cada recolector. Al final de cada recolección mensual, el propóleo
fue cuantificado y almacenado en congelador y se preparó su extracto hidroalcohólico (30 % m/v en alcohol 70 %)
para análisis de calidad (peso seco, fenoles totales, solubilidad en acetato de plomo, solubilidad en hidróxido de
sodio). Los resultados fueron evaluados por ANOVA, seguido de la prueba de Tukey para verificar diferencias
entre las medias (p < 0,05). Se verificó una mayor producción de propóleo con el uso del recolector de propóleo
inteligente, mostrando una divergencia significativa con respecto a los demás recolectores evaluados. No se
observaron diferencias estadísticamente relevantes entre la producción por el recolector de malla plástica y la calza.
Todos los análisis del propóleo están de acuerdo con la normativa aplicable, así como con la legislación brasileña
vigente. Se concluye que el uso del recolector de propóleo inteligente para la producción comercial es el más
eficiente.
Palabrasclave: apicultura, recolectores, propóleo, productividad
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173Influência de coletores distintos na produção de própolis
As amostras de própolis foram produzidas no apiá
rio da Área de Produção de Apicultura da fazenda
Experimental Edgárdia, UNESP, Campus de Botucatu,
com as seguintes coordenadas geográficas: 22°49'15.26"
de latitude Sul e 48°23'23.31" de longitude Oeste e
altitude média de 617 metros.
Foram utilizadas 15 colônias de abelhas Apis melli
fera africanizadas, alojadas em colmeias padrão
Langstroth, distribuídas ao acaso e manejadas apenas
para a produção de própolis. Antes do início do
experimento, os ninhos foram padronizados quanto ao
número de quadros de cria e alimento. Foram
selecionadas, ao acaso, cinco colmeias para cada tipo
de coletor (Figura 1).
Tela plástica: colocada sob a tampa da colmeia,
servindo como estímulo para as abelhas. Mensamente
as telas foram coletas e mantidas em freezer horizontal
(Metalfrio modelo DA420) a 8 ºC.
Coletor inteligente de própolis (CPI): consiste em
uma melgueira com sarrafos laterais móveis, com
altura aproximada de 2 cm, colocado entre a tampa e o
ninho da colmeia. Quinzenalmente, foram retirados
sarrafos de ambas as laterais para estimular a produção
A produção de própolis pode ser influenciada por
diversos fatores que devem ser considerados quando se
busca um aumento de produtividade e a
sustentabilidade econômica da atividade apícola.
Dentre estes elementos estão os aspectos
comportamentais das colônias, sazonalidade da
produção, genética dos colônias, luminosidade nos
apiários, altitude, tipo de coletor utilizado,
disponibilidade de alimento e o exercício ou não de
outras atividades apícolas desenvolvidas
concomitantemente com a exploração da própolis
(MountfordMcAuley et al., 2023).
A sazonalidade possui grande influência na produ
ção de própolis pelas abelhas. Os padrões sazonais
observados têm sido explicados, principalmente, pelas
variações da temperatura, insolação, intensidade
luminosa, umidade relativa e precipitação, elementos
que devem ser monitorados pelos apicultores e que
variam de uma localidade à outra (Anjun et al., 2019,
Kasote et al., 2022). A coleta da própolis é
tradicionalmente realizada pelo apicultor mediante
raspagem das partes móveis da colmeia, o que pode
contribuir para uma redução em sua pureza e
qualidade estando sujeita à mistura com elementos
indesejados como lascas de madeira, terra e outros
materiais. Visando a melhora da qualidade da própolis,
outras técnicas foram desenvolvidas para estimular sua
produção, como uso de telas coletoras, coletor de
própolis inteligente ou coletores adaptados sob a
tampa. Assim mesmo, a produção de própolis pode
variar conforme a técnica de coleta utilizada pelo
apicultor em campo e, diante de práticas de manejo
equivocadas, podese ter a elaboração de um produto
final de baixa qualidade (Kasote et al., 2022).
O Brasil, um dos principais produtores de própolis
de diferentes origens botânicas e de alto valor
comercial internacional, utilizase das normas do
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da
Própolis (MAPA, 2001) para estabelecer parâmetros de
qualidade confiáveis para o produto. Para a elaboração
do extrato alcoólico de própolis, por exemplo,
preconizase: percentil de extrato seco (> 11 % m/v),
compostos fenólicos (> 0,50 % m/m), flavonoides (>
0,25 % m/m), atividade antioxidante (< 22 segundos),
entre outros (Souza et al.,2010).
Considerandose que a procura pela própolis tem
crescido nos últimos anos, principalmente pelo
interesse da população para produtos naturais, o
levantamento de dados que contribuam para o
conhecimento de fatores que possam interferir com a
qualidade do produto, são de suma importância. Nesse
contexto, investigar métodos para coletar maiores
quantidades de própolis tornamse importantes (Souza
et al., 2010). Além disso, na medida em que as
investigações apontam para usos crescentes da
própolis enquanto tratamento para uma série de
condições médicas humanas ou animais a demanda
pelo produto tende ao crescimento, possibilitando uma
ampliação do setor e da economia apícola como um
todo (Irigotti et al., 2021; Zulhendri et al., 2021). Para
que isso ocorra, contudo, o estabelecimento de uma
padronização do produto, bem como de critérios de
qualidade bem definidos será necessário, um processo
que tem seu início nos apiários, principalmente no
método de coleta da própolis.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi
avaliar o desempenho e a eficiência de distintos
coletores de própolis comumente utilizados na
apicultura brasileira (tela plástica, coletor de própolis
inteligente (CPI) e calço) na produção e qualidade do
produto elaborado por abelhas Apis mellifera L.
Material e Métodos
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Figura 1. a) Distribuição das colmeias no apiário da fazenda Experimental Edgárdia, UNESP e os
diferentes coletores de própolis testados no estudo: CPI (b), Tela plástica (c), Calço (d).
Peso seco
Para a determinação do peso seco, 2 ml de cada EAP
foram colocados em béquer previamente pesados (P1),
e mantidos em estufa de secagem e esterilização com
circulação de ar (SolidSteel modelo SSDcr 150L) a 50 oC
até completa evaporação da fase volátil. Em seguida, o
béquer foi novamente pesado (P2) e o peso seco
determinado por meio da seguinte fórmula: Peso Seco
(mg/mL) (P1 P2)/2
Porcentagem de Fenólicos
Para a determinação da porcentagem de fenólicos,
foram pesados 2,5 mL dos EAP (P1). Em seguida foi
adicionado 7 mL de álcool etílico (êxodo científica) e
0,5 mL de acetato de chumbo (Dinâmica) a 10 %. A
solução foi misturada e deixada em repouso por 24
horas, em temperatura ambiente. Após este período, a
mistura foi filtrada em papel de filtro de papel
quantitativo cinza 0,000007mm (Reagen modelo R41),
previamente pesado (P2), e mantido a temperatura
ambiente por 12 horas. Em seguida, o papel de filtro foi
colocado em estufa de secagem e esterilização com
circulação de ar (SolidSteel modelo SSDcr 150L) a 50 ºC
por uma hora e novamente pesado (P3). A
porcentagem de fenólicos foi determinada por meio da
fórmula: (P3P2/P1) x 100 (Tagliacollo, Orsi, 2011).
Propriedade antioxidante
Para a determinação da propriedade antioxidante,
em um béquer foram pipetados 2 ml de cada amostra e
adicionados 48 ml de água destilada. Em seguida,
foram pipetados 0,5 ml da solução anterior em um
tubo de ensaio de 15 ml, acrescentandose 0,5 ml de
água destilada e 1 ml de ácido sulfúrico 20 %
(Dinâmica). A mistura foi resfriada em banho de gelo a
1820 oC e, em seguida, foi adicionado 50 ml de
KMnO4 0,1N (Dinâmica), observandose o tempo para
o desaparecimento da cor vermelha formada. A
de própolis. Após um mês, a própolis produzida foi
retirada do coletor e mantida em freezer horizontal
(Metalfrio modelo DA420) a 8 ºC.
Calço: consiste na colocação de calços (2 cm de altura)
sob a tampa da colmeia. Quinzenalmente, a própolis
foi coletada mediante a raspagem com formão e
armazenada em freezer horizontal (Metalfrio modelo
DA420) a 8 ºC.
Ao final de cada coleta, a própolis foi separada,
identificada por tratamento, limpa para a retirada de
impurezas através de catação manual com o auxílio de
pinças e escova. Mensalmente toda a própolis
produzida e coletada por cada colmeias foi pesada em
balança de precisão (GEHAKA modelo A 200) para
obtenção da média produzida de própolis por colônia e
método de produção da própolis (CPI, tela ou calço).
Para o início das análises laboratoriais, cada amostra
de própolis foi triturada individualmente de acordo
com o tratamento e sua colmeia de origem (Tagliacollo,
Orsi, 2011), após esse processo as amostras foram
pesadas em balança de precisão (GEHAKA modelo A
200) para avaliar a produção de cada colmeia.
Posteriormente, seguiram para o preparo do extrato
hidroalcoólico de própolis (EAP), na proporção de 30
% (30 gramas de própolis, completando o volume para
100 ml com álcool etílico 70 % (êxodo científica)). O
método utilizado para a produção do extrato foi a
maceração, estratégia mais comumente utilizada para a
produção por apicultores considerando seu baixo
custo. A proporção de álcool e água foi considerada
ideal dentro de margem identificada na literatura
(Bankova et al., 2021). As soluções permaneceram ao
abrigo da luz, em temperatura ambiente 24 ºC, sob
agitação frequente, durante sete dias. Decorrido este
período, as soluções foram filtradas em filtro de papel
quantitativo cinza 0,000007mm (Reagen modelo R41) e
os EAP obtidos seguiram para as análises físico
químicas e microbiológicas (Orsi et al.,2000).
De Lima et al.
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Tabela 1. Médias e desvio padrão (grama) da própolis
produzida pelas Apis mellifera africanizadas e produção
total, durante os meses de novembro de 2022 a abril de 2023,
para os coletores CPI, Tela plástica e calço.
Coletores
Meses
CPI Tela Calço
Novembro 59,2 ± 22,6a 1,2 ± 0,8b 3,3 ± 1,3b
Dezembro 64,1 ± 45,4a 1,0 ± 0,5b 5,7 ± 10,0b
Janeiro 38,2 ± 4,9a 0,7 ± 0,4b 2,1 ± 1,0b
Fevereiro 46,7 ± 9,0a 6,7 ± 4,7b 1,9 ± 1,0b
Março 74,7 ± 34,2a 1,0 ± 0,2b 1,9 ± 1,0b
Abril 23,3 ± 17,5a 2,3 ± 0,9b 8,3 ± 6,3b
Média Total 49,6 ± 28,5a 2,1 ± 2,7b 4,99 ± 5,8c
Produção Total 942,62 54,2 99,85
Letras minúsculas diferentes, na mesma linha, indicam diferença significativa
entre as médias (p ≤ 0,05).
fórmula utilizada, portanto, foi: Propriedade
antioxidante = tempo decorrido para a mudança de cor
(Tagliacollo, Orsi, 2011).
Solubilidade ao Acetato de chumbo
Para a determinação da solubilidade ao Acetato de
chumbo (Ac de Pb) (Dinâmica), 1ml do EAP foi
colocado em tubo de ensaio contendo 10 ml de acetato
de chumbo a 10 %. A solução foi agitada e mantida em
repouso por um período de 3 minutos. Foi considerado
como positivo o aparecimento de precipitados amarelos
homogêneos no fundo do tubo (Tagliacollo, Orsi, 2011).
Analise estatística
Os resultados foram avaliados por ANOVA, seguida
do teste de Tukey para verificar diferenças entre as
médias. As variações foram consideradas como
estatisticamente diferentes quando p < 0,05. Foi
realizada também correlação de Pearson para as
variáveis analisadas (Zar, 1996).
Resultados e Discussão
De acordo com os dados obtidos, verificouse que a
produção de própolis pelo coletor CPI diferiu de
forma significativa dos demais coletores analisados,
em todos os meses (Tabela 1). Não foram observadas
diferenças na produção de própolis para os coletores
Tela plástica e calço.
Dados de produção de própolis avaliandose
diferentes coletores são escassos na literatura. Com a
implantação de novas técnicas de estímulo à produção
de própolis, a produtividade por colmeia pode
aumentar significativamente. A produção anual de
própolis por colmeia varia de acordo com diferentes
autores. Prost (1985) estima cerca de 300 gramas,
enquanto Breyer (1995) sugere 700 gramas. Garcia et
al., (1997), utilizando o CPI, obtiveram uma média de
560 gramas em duas estações.
Com relação a produção pelos diferentes coletores
utilizados, observase que a técnica do CPI superou as
demais. As abelhas usam a própolis para selar espaços
indesejados e manter a integridade estrutural da
colmeia. Sendo assim, uma possível explicação para a
maior produção pelo CPI seria a abertura lateral e
indução de área de abertura superior ao calço; por
outro lado, a tela plástica fica abaixo da tampa e sem
existência de abertura, mas simula pequenos espaços
que são preenchidos com própolis (Mountford
McAuley et al., 2023).
Outro fator que pode influenciar o desempenho dos
coletores é a eficiência da extração da própolis do
coletor. No caso do CPI, é possível extrair a própolis em
tiras uniformes o que aumenta seu valor comercial,
facilita o processo de limpeza e reduz a oxidação (Figura
2a). No caso do calço e da tela o material é mais
susceptível à fragmentação o que amplia sua superfície de
contato aumentando a oxidação e reduzindo a qualidade
do extrato elaborado a partir desse material (Figura 2b).
Figura 2. a) Própolis produzido em coletor CPI. b) Própolis
produzido em coletor tipo tela e/ou calço.
Dependendo da região de coleta da resina pelas abel
has, a produção pode ser concentrada em alguns meses
do ano. No hemisfério Norte, as abelhas coletam
própolis apenas nos períodos mais quentes. Por outro
lado, na Argentina, observamse dois períodos
característicos de coleta: na primavera e verão
(Ghisalberti, 1979; Manrique, 2001).
Influência de coletores distintos na produção de própolis
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Conclusiones
Tabela 2. Resultados das análises físicoquímicas dos extratos alcoólicos de própolis (EAP) dos 3 tipos de coletores utilizados para na
produção de própolis.
Amostras Peso seco (mg/ml) Compostos fenólicos(%) P. antioxidante(segundos) Ac. De Pb
CPI 100,0 ± 34,5 13,7 ± 3,1 7,5 ± 5,2 +
Tela 57,9 ± 46,5 11,9 ± 2,2 4,5 ± 1,9 +
Calço 91,2 ± 47,3 11,4 ± 6,2 3,7 ± 1,9 +
Ac. De Pb é a solubilidade ao Acetato de chumbo.
No presente estudo, avaliouse a produção por seis
meses nas estações do verão e outono onde as
temperaturas foram mais amenas. A temperatura média
máxima foi de 29,3 ºC e a temperatura mínima média foi
de 20 ºC com umidade relativa de aproximada de 67,38
% UR durante os seis meses de experimento. Lima et al.,
(2006) sugerem que a produção de própolis deve ser
evitada pelo apicultor no período do inverno, uma vez
que pode prejudicar a colônia, apresentar perdas
consideráveis de produção além da obtenção de um
produto de menor qualidade. No Brasil, graças ao clima
propício, a coleta pode ser realizada durante
praticamente todo o ano (Ghisalberti et al., 1979;
Manrique et al., 2001). É importante observar que as
abelhas deste estudo estavam localizadas no mesmo
lugar e coletaram resinas na mesma área; portanto,
foram expostas às mesmas condições climáticas.
Se há variação sazonal na produção de resina arbó
rea, haverá também variação na composição química e
quantidade de produção de própolis ao longo do ano
(Bankova et al., 1998). Além disso, a composição da
própolis pode ser distinta de acordo com variáveis já
mencionadas como, iluminação, altitude, tipo de
coletor, disponibilidade de alimento e atividade
desenvolvida durante a exploração da própolis
(Bankova et al.,1998; Sforcin et al., 2000; Silici et al., 2005).
No que diz respeito aos resultados das análise físico
químicas, as informações estão dispostas na Tabela 2.
Notase que os valores de peso seco variaram entre
CPI (100,0 ± 34,5 mg/ml), tela (57,9 ± 6,5 mg/ml) e
calço (91,2 ± 47,3 mg/ml). Importante observar que o
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da
Própolis, presente na normativa N°. 03, de 19 de janeiro
de 2001 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA, 2001), não estabelece um
parâmetro de qualidade para essa variável. Entretanto,
o peso seco do EAP é um importante parâmetro para se
quantificar a eficácia do processo de preparo do extrato
alcoólico, por representar a quantidade (gramas) de
compostos químicos presentes no produto (Kawakita et
al., 2015). Observase pelos resultados obtidos, que o
processo de extração dos compostos da própolis foi
menor na técnica da Tela plástica, o que pode ser
explicado pela maior quantidade de cera adicionada à
própolis por estes métodos.
Com relação aos compostos fenólicos, os resultados
das amostras foram para CPI (13,7 ± 3,1 %), tela (11,9 ±
2,2 %) e calço (11,4 ± 6,2 %). Portanto 100 % das amostras
estavam de acordo com a legislação vigente, que
estabelece o mínimo de 0,50 % (MAPA, 2001).
Na análise de propriedade antioxidante, as amostras
apresentaram para o CPI 7,5 ± 5,2 segundos, tela 4,5 ±
1,9 segundos e calço 3,7 ± 1,9 segundos. Portanto 100 %
das amostras foram consistentes de acordo com a
legislação vigente, que estabelece o tempo máximo de
reação de 22 segundos (MAPA, 2001). A título de
comparação, Maldonado (2000) encontrou para a
própolis Argentina valores de atividade antioxidante
variando entre 1,6 segundos a 120,0 segundos enquanto
Gonsales et al., (2005) encontraram, para amostras de
própolis do Estado de São Paulo, propriedade
antioxidante variando de 5 segundos a 252 segundos.
Em relação à solubilidade em aceto de chumbo, onde
visase verificar a homogeneidade das partículas de EAP
em uma solução salina, os resultados de todas das
amostras foram positivos e de acordo com a legislação
brasileira vigente (Tagliacollo, Orsi, 2011).
Dessa forma, podese inferir que a utilização do
Coletor de Própolis Inteligente foi mais eficiente para a
região deste estudo. O município onde o experimento
ocorreu, Botucatu no interior do estado de São Paulo,
está inscrito em uma região de intensa atividade apícola,
contudo, a principal atividade desenvolvida é a
produção de mel, ficando a coleta de própolis restrita,
majoritariamente, ao aproveitamento secundário das
raspas obtidas a partir das partes móveis das colmeias.
Assim, diante de uma constante oscilação do preço do
mel que culmina, diversas vezes, em valores pagos aos
produtores abaixo dos custos de produção, este trabalho
contribui no sentido de apontar um caminho alternativo
para os apicultores através da produção de própolis.
De Lima et al.
ISSNL 10221301. Archivos Latinoamericanos de Producción Animal. 2023. 32 (4): 171 178
Agradecimentos: À equipe do Núcleo de Ensino, Ciência e Tecnologia em Apicultura Racional (NECTAR) da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP campus de BotucatuSP.
Literatura Citada
177
Anjum, S. I., Ullah, A., Khan, K. A., Attaullah, M.,
Khan, H., & Ali, H. (2019). Composition and
functional properties of propolis (bee glue): A
review. Saudi Journal of Biological Sciences, 26(7),
1695–1703.https://doi.org/10.1016/j.sjbs.2018.08.013
Ghisalberti, E. L. (1979). Propolis: A review. Bee
World, 60(2), 59–84. https://doi.org/
10.1080/0005772X.1979.11097738
Conflito de interesse: Todos os autores declaram que não há qualquer conflito de interesse financeiro, pessoal, ou
profissional que possa ter influenciado a condução ou os resultados deste estudo.
Aprovação do Comitê de Ética no Uso de Animais: Não foi necessária nenhuma autorização do Comitê de Ética no
Uso de Animais para a execução deste experimento uma vez que nenhum animal, vertebrado ou não, foi utilizado
para a realização deste estudo.
Contribuição dos Autores: Ruan Cristian Miranda de Lima organizou e executou o experimento à campo,
contribuiu na redação do texto; Iloran do Rosário Corrêa Moreira e Yan Souza Lima supervisionaram o
experimento à campo e revisaram o texto; Guilherme Duarte Figueiredo de Souza contribuiu na redação do texto
final e realizou sua edição; Ricardo de Oliveira Orsi idealizou, concebeu e supervisionou o experimento à campo
além de revisar e orientar a redação do texto final.
Financiamento: Este estudo recebeu apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica por
intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações para incentivo à pesquisa no Brasil.
Editado por: Omar AraujoFebres
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