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explicado por serem matrizes selecionadas para a
produção de carne (Lobo et al., 2011).
AguilarHernandez et al. (2020) em seu estudo sobre
relação de medidas de ultrassom e características de
carcaça em ovelhas adultas da raça Pelibuey,
encontraram média de AOL de 6.89 ± 1.45 cm², sendo
esse valor menor do que o encontrado no presente
trabalho, isso pode ser devido as ovelhas Pelibuey
serem de menor porte e não possuir tanta seleção para
essa característica na raça. Já Pinheiro et al. (2010)
relataram AOL de 11.62 cm² em ovelhas de descarte da
raça Santa Inês. Sabendo que a AOL é uma medida
influenciada pelo sistema de produção e pelo genótipo
animal e que está relacionada com o ganho de peso,
rendimento e acabamento de carcaça (Cartaxo et al.,
2011), entendese que os animais que possuem aptidão
para carne e estão inseridos em sistemas de produção
com manejo adequado vão apresentar maiores
medidas de AOL, que matrizes que não são
selecionadas para corte.
Pinheiro et al. (2010) encontraram correlações entre
medidas determinadas in vivo por ultrassom e na
carcaça de ovelhas de descarte da raça Santa Inês,
médias para LARG e PROF de 5.50 cm e 3.66 cm,
respectivamente, valores próximos aos encontrados no
presente estudo, apesar dos animais apresentarem
diferentes genótipos.
Silva et al. (2016), observaram média semelhante ao
presente estudo para EG (0.497 ± 0.12 cm) em ovelhas
adultas da raça Ile France. A deposição de gordura na
carcaça atinge o valor máximo na maturidade do
animal e em maior quantidade em fêmeas, devido
diferenças hormonais entre os sexos, com isso as
matrizes apresentam maiores valores de EG
depositando mais precocemente a gordura na carcaça
a (Owens et al., 1993; Alves et al., 2014; Cunha et al.,
2000; Pinheiro et al., 2009).
A média para MUSC encontradas nesse trabalho
permitem supor que as matrizes estudadas são
adequadas para sistemas de corte, pois valores de
MUSC maiores que 0.40 indicam animais adequados
para a seleção de para produção de carne (King 2006
apud Suguisawa et al., 2013). A MUSC é uma
característica usada para avaliar a aptidão de
produção de carne (Taveira et al., 2016). Entretanto,
essa medida em ovinos de corte é pouco estudada na
literatura científica, bem como as correlação com as
demais medidas morfometricas e medidas de carcaça.
Quanto ao efeito idade, as variáveis EC, AG, PT,
AOL, LARG, PROF e EG apresentaram resultados
superiores nas matrizes do grupo G2. Em um estudo
sobre a caracterização fenotípica de ovelhas Dorper,
ovelhas locais e cruzamentos entre essas duas raças no
Nordeste de Amhara, Etiópia, Mohammed et al. (2018)
observaram que a AG do grupo de ovelhas com idade
superior a 1 ano e 6 meses foi maior (64.92 ± 0.28 cm),
do que as ovelhas de grupos com idades inferior (62.99
± 0.41 cm). Segundos esses mesmos autores, as
medidas de PT e AC aumentam conforme os animais
ficam mais velhos, até atingir um platô.
Na avaliação da composição regional e tecidual da
carcaça ovina, Alves et al. (2015), observou que a
deposição dos tecidos se dá gradativamente,
ocorrendo primeiro a formação de ossos, depois a
deposição do músculo, da gordura visceral, da
gordura intermuscular, gordura subcutânea e por
último a godura intramuscular (marmoreio). Dessa
forma à medida que a idade do animal aumenta maior
é a medida de EG, pois a gordura apresenta um
crescimento acentuado nos animais mais velhos
(Oliveira et al., 2022). As maiores médias de EG, AOL,
LARG, PROF e EC no grupo de matrizes mais velhas
podem ser explicadas pelo crescimento alométrico dos
tecidos, sendo que o tecido ósseo se desenvolve
primeiro, posteriormente o muscular e mais
tardiamente o tecido adiposo (Berg e Butterfield, 1976).
Portanto as matrizes do grupo G2 possuem médias
superiores que apontam maior musculosidade e
espessura do tecido adiposo, comparativamente aos
animais do grupo G1, e consequentemente maior EC.
O PT é uma medida relacionada com o volume
corporal dos animais (Grandis et al., 2018; Koritiaki et
al., 2012; Reis et al., 2008) e geralmente os animais com
idade superior apresentam maior peso vivo e maior
acúmulo de gordura, consequentemente apresentando
um maior volume corporal. Dessa maneira, uma
média de PT superior nas matrizes do grupo com G2,
comparativamente a G1 era esperado, em razão da
idade das matrizes. A idade teve correlações positivas,
moderadas e significativas com o PT e AOL, o que
pode ser explicado devido ao aumento da idade do
animal, já que o peso também aumenta (Osório et al.,
2020). Além disso, os animais mais velhos acumulam
maior quantidade de gordura (Gois et al., 2018), sendo
assim quanto mais velho o animal, maior o EC, e
consequentemente maior PT, visto que essa
característica está relacionada com peso e EC (Cient,
2006; Cunha Filho et al., 2010; Grandis et al., 2018). A
correlação foi de média magnitude e significativa entre
idade e AOL, sendo a AOL uma medida que
corresponde ao desenvolvimento muscular, e que
indica que com o crescimento do animal, ao passar da
idade, ocorre também o crescimento da musculatura
desse animal, visto que o tecido muscular
Paula et al.
ISSNL 10221301. Archivos Latinoamericanos de Producción Animal. 2022. 30 (4): 301 310